quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Rock and Roll etc etc

Bem, uma das coisas que mais fazem sentido na minha vida é a música, em especial o rock, esse tal maldito que toma conta da minha vida enfadonha desde muito tempo. Aproveito este novo blog junto com o Octávio, e começo falando sobre três dos meus discos favoritos de rock de todos os tempos, e que mais têm significado na minha vida, a qualquer momento. Canções expelindo notas furiosas, notas calmas; notas alegres, notas melancólicas; acordes selvagens, acordes sutis.


The Velvet Underground - The Velvet Underground and Nico (1967)


Durante uma parte da minha adolescência eu ficava fechado a determinados padrões do que podia ser chamado de rock. Uma das bandas que abriram a minha mente foi o Velvet Underground, com esse disco aí, que influenciou inúmeros nomes de peso, como Joy Division, Sonic Youth e até mesmo o Nirvana. Enquanto os hippies falavam de amor e paz, Lou Reed, John Cale e cia. mudavam o mundo da sua forma: falavam de morte, violência, drogas, becos escuros, sadomasoquismo e homossexualidade. Guitarras alucinantes cheias de reverb e distorção, bateria minimalista, vocais 'narrados', ou uma viola de orquestra tocando notas dissonantes. Esses foram ingredientes que tornaram essa obra-prima mais um dos grandes pilares do que já se fez em se tratando de música rock. Não houve banda mais punk que o Velvet Underground.


Pink Floyd - Wish You Were Here (1975)

Impossível eu procurar palavras para falar do quanto esse disco me marcou. Quando criança, achei por acaso em casa o CD do Wish You Were Here, e me impressionei bruscamente com o que ouvia. Acho que nunca tinha ouvido algo tão indescritível até então, e foi aí que o rock and roll começou a pulsar neste reles corpo.

O Pink Floyd sempre foi a greatest banda de progressivo, e também, das grandes bandas, a menos extravagante, e com músicas não tão longas. Enquanto Yes e Jethro Tull faziam músicas de 20 minutos, Peter Gabriel cantava vestido de flor ou Emerson, Lake & Palmer faziam versões para músicas eruditas, o Pink Floyd fazia músicas mais curtas, e são poucas as suas grandes suítes de 20 min, dentre as quais podemos citar Echoes e Atom Heart Mother, de discos anteriores ao Wish You Were Here. Mas neste disco também existe uma delas, e talvez a sua mais exuberante, dividida em duas partes: Shine On You Crazy Diamond. Até hoje não sei como descrever essa música, só ouvindo para ter noção, uma homenagem ao grande Syd Barrett, o "crazy diamond". Um disco marcado por melancolia e melodias supremas.



Joy Division - Unknown Pleasures (1979)

Mais uma dessas bandas que mudaram completamente minha visão musical, e acrescentaram bastante na minha vida. Nascida no boom do punk, mostraram um som bem diferente do que se fazia de rock naquela época, e marcaram as geraçõe seguintes. Enquanto o virtuosismo começava a ficar de lado nas bandas de rock da época, por volta de 77, nos Estados Unidos havia a blank generation e os Ramones, e no seu próprio país, a Inglaterra, o punk rock era representado majoritariamente na figura iconoclasta dos Sex Pistols (que na verdade eram uma fraude, mas talvez a melhor fraude do rock) e na música engajada do Clash. O punk inglês se caracterizou pelo chamado Oi!, com os mesmos três acordes ferozes e o mesmo sotaque cockney, mas o Joy Division foi além. Seus integrantes se conheceram num show dos Sex Pistols, e logo depois foram batizados de Warsaw, mudando o nome para Joy Divison quando estavam prestes a lançar esse petardo, o Unknown Pleasures. Pegaram a simplicidade e a agressividade do punk, acrescentaram um pouco da trilogia de Berlim do Bowie e fizeram um som composto por baixos com melodias marcantes e pulsantes, guitarras ácidas e trágicas, baterias ora calmas, ora furiosas, e, principalmente, as linhas de vocal graves de Ian Curtis, expelindo melancolia, fúria e sentimentalismo - talvez melhor que muitos poetas românticos. A banda acabou com o suicídio de Curtis em 1980, quando lançaram o seu canto do cisne, o disco Closer. Mesmo tendo durado tão pouco tempo, a sua influência ecoou por toda uma década seguinte, com suas reverberações marcando presença até hoje no que se faz de rock.

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