terça-feira, 17 de agosto de 2010

Bruce Springsteen



Meados de 1982, e os Estados Unidos viviam o começo da Era Reagan. Na música, o uso de sintetizadores, baterias eletrônicas e samplers aumentava cada vez mais, e neste mesmo ano Michael Jackson lançaria o clássico "Thriller", ápice do pop. Bruce Springsteen, por outro lado, resolve ir numa direção contrária.

"Nebraska", de 1982, é um disco intenso do começo ao fim. Contudo, a sua intensidade não se encontra em guitarras distorcidas: é composto basicamente de violão e harmônica (gaita), além da potente voz do Springsteen, gravados em 4 canais. Ao longo da sua audição se ouvem ecos melancólicos, suspiros e sonhos. Bruce Springsteen é um poeta, e neste disco tece histórias dilacerantes, desde a inocência da infância ("Mansion on the Hill") a assassinato adolescente. O seu suor é sentido a cada música, e chamá-lo de Working Class Hero não seria à toa.

Feito numa época de ressaca da guerra do Vietnã, que marcava ainda fortes cicatrizes na sociedade norte-americana - refletidas em muitas canções do Springsteen -, "Nebraska" é uma obra-prima folk de um roqueiro visceral. Violões, mandolins e gaitas em plena era de sintetizadores e samplers.