quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Television - The Blow-Up



Sempre fico indignado quando ouço alguém dizer que o Punk começou na Inglaterra com os Sex Pistols (?), ou que a estética punk era apenas simplicidade musical e falta de técnica. É preciso voltar a fita um pouco antes, para a cidade de New York, onde o Punk começou a tomar forma.

Muitos músicos jovens da época, e amantes de rock, mudaram-se para New York em busca das suas aspirações artísticas, vendo na Big Apple uma oportunidade em meio a uma cena efervescente que ali se formava. Nos anos 60 um estudante de Literatura da Universidade de Syracuse chamado Lou Reed encontrou um músico emergente da música erudita, e tocador de viola, John Cale. Juntos, formaram a base do Velvet Underground: Lou Reed e a sua sensibilidade pop, aliada à capacidade de transformar as ruas de New York em poesia, e John Cale, responsável pela musicalidade contestadora e avant-garde dos dois primeiros discos da banda. Esse pode ter sido o começo de tudo...

De 1967, data de lançamento do famoso disco da banana, até a metade dos anos 70, muita coisa aconteceu: o rock sessentista começava a desaparecer, os ídolos do Woodstock morriam de overdose, a fatídica morte de um garoto no Gimme Shelter dos Stones em 1969, e o fim dos Beatles. Na Inglaterra ascendia o rock progressivo, e os Estados Unidos viviam a ressaca do que fora a década passada. A cena artística nova-iorquina acabou culminando numa geração que na metade dos anos 70 foi responsável por abalar as estruturas do rock, podendo-se citar: os Dead Boys, oriundos de Cleveland, que traziam niilismo e agressividade, os garotos pobres dos Ramones que mostravam que qualquer um podia tocar rock, e a poeta Patti Smith, que trouxe uma importante liderança feminista aliada à influência beatnik. Outra dessas bandas importantes foi o Television.

O Television teve um importante papel na organização da cena de New York à época, e foram uns dos primeiros a tocarem na lendária casa de shows CBGB. A bateria jazzística de Billy Ficca aliada à impressionante habilidade na guitarra de Tom Verlaine foram responsáveis por cativar muitos seguidores, e, dentre uma das primeiras pessoas a assistirem a banda, estava Patti Smith, que conta que a sua primeira visão de Tom Verlaine no palco a marcou pelo resto da vida. O disco Marquee Moon foi o olho do furacão, e o registro ao vivo Blow-Up é um importante meio para perceber a energia da banda no palco, com versões de 14 minutos para "Marquee Moon", "Little Johnny Jewel" e até mesmo um cover de quase 8 minutos de "Knockin' on Heaven's Door" do Dylan, muito antes do Guns and Roses. Solos de guitarra, baixo pulsante e bateria fantástica fazem parte deste disco, retrato de uma importante e produtiva fase da música rock.

Discaço.

domingo, 19 de dezembro de 2010




Não precisa dizer mais nada. Jefferson Airplane é foda.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hey hey, my my rock and roll can never die



Muito já se escreveu sobre os Beatles, e sobre o John Lennon. Hoje, 8 de dezembro, é o dia em que 30 anos são feitos sem o beatle mais velho, o dia em que a música (não) morreu, assassinada. Em tempos nos quais o rock and roll tem sido tristemente banalizado e meramente vendido como uma tentativa de cópia muito mal-feita, é pertinente relembrar daquele jovem rebelde de Liverpool que ajudou a mudar o rumo da música, e influenciou várias gerações de jovens, alguns que hoje já estão na casa dos 60 anos de idade. É preciso haver mais músicos de rock como John Lennon: cínicos, inteligentes, profundos e verdadeiros. Como diz a música do Beto Guedes: minha estrela amiga, por que você não fez a bala parar?

Hoje não deve ser um dia em que se lamente por 30 anos sem John Lennon; e sim um dia em que se comemore que o rock não foi findado, que a boa música persiste, e que ideais sinceros prevalecem, enquanto as coisas vazias desmancham no ar e são deixadas para trás, mesmo depois de 30 anos. É um dia para lembrarmos que o rock remanesce, com sua incrível capacidade de resiliência, mesmo que agonize em tempos tão vazios.


The king is gone, but he's not forgotten
Hey hey, my my
Rock and roll can never die

(Neil Young)